os primeiros dias de vida, Isaque foi com a mãe até o Banco de Leite Anita Cabral, em João Pessoa. No colo dela mesmo, foi coletado o sangue para fazer o teste do pezinho. A picada no calcanhar, o fez chorar, mas, logo foi acalentado pela mãe. Ela sabe que o exame é para o bem do bebê e de toda a família. “É muito importante para que a gente fique ciente de problemas futuros que possam vir a acontecer com a criança”, falou Thacielly Aquino.
Por sua vez, Dominique fez o teste da linguinha. “É para o bem estar da criança e uma forma de proteger o filho, desde muito pequeno”, disse a mãe, Palloma Natasha.
Ambas as mães estão certíssimas. Os dois testes servem para diagnosticar, de forma precoce, doenças ou problemas que possam se manifestar futuramente. No mês de junho é comemorado o dia dos dois testes. No último dia 6, foi o Dia Nacional do Teste do Pezinho e, no próximo dia 20, será o Dia Nacional do Teste da Linguinha. A Secretaria de Estado da Saúde (SES), aproveita as datas para reforçar a importância dos exames oferecidos, gratuitamente.
O médico e coordenador do serviço de referência de triagem neonatal da Paraíba, Tiago Oliveira, explicou que a criança nasce bem, sem sintomas e somente no teste bioquímico no sangue é que vai conseguir diagnosticar a doença. “É bom destacar que todas as doenças detectadas no teste do pezinho têm tratamento. Daí a importância do diagnóstico precoce que vai possibilitar descobrir e tratar”, ponderou.
Lacen-PB faz a triagem de 10 doenças
O material coletado para o teste do pezinho é enviado para o Laboratório Central de Saúde Pública da Paraíba – Lacen-PB, que atualmente faz a triagem de 10 doenças:
fenilcetonuria (danos cerebrais, deficiência intelectual ou convulsões);
hipotireoidismo congênito (desenvolvimento ósseo comprometido, dificuldade respiratória);
hiperplasia adrenal congênita (vômito, diarreia, hipoglicemia, choque e risco de morte);
deficiência de biotinidase (atraso de crescimento, convulsões, problemas respiratórios e de pele, perdas de audição e visão, infecções repetidas);
fibrose cística (tosse que não passa, pneumonia, diarreia e dificuldade para ganhar peso e estatura);
hemoglobinopatias (dor de cabeça, tontura, náusea, respiração irregular, manchas na pele, fadiga, palidez anormal; dores ósseas, icterícia);
deficiência de G6PD (amarelecimento da pele e da parte branca dos olhos, urina escura e, às vezes, dor lombar ou abdominal);
galactosemia (diarreia, perda de apetite, icterícia, náusea e vômito, irritabilidade, pouco ou nenhum ganho de peso);
toxoplasmose congênita (cabeça pequena, inflamação do cérebro, icterícia, fígado e baço aumentados, inflamação do coração, pulmões ou olhos, erupção cutânea);
leucinose (dificuldade de sucção, vômito, desidratação, perda de peso, crises convulsivas e sinais de edema cerebral).
Em 30 dias, sai o resultado do teste do pezinho. “A maioria dá normal e os que dão positivo as famílias são convocadas, urgentemente, para uma segunda coleta, no Complexo Pediátrico Arlinda Marques. Cada doença tem um fluxo próprio, orientado pelo Ministério da Saúde. Muitos testes que dão alterados na primeira coleta, quando é feita a segunda, dão normais. Nestes casos, damos alta e a família é tranquilizada. Se o segundo teste der alterado, é iniciado o tratamento e feito o acompanhamento no Arlinda”, explicou o médico.
Já o teste da linguinha avalia o frênulo da língua ou freio lingual, em recém-nascido, sendo importante no diagnóstico precoce de problemas envolvendo fala, mastigação e deglutição da criança. A recomendação é que o exame seja feito em até 30 dias de vida, preferencialmente entre os sete primeiros dias, porém, caso o recém-nascido já tenha mais de um mês, o exame deve ser realizado o mais rapidamente possível. O exame é feito por um fonoaudiólogo e, quando detectado algum problema, geralmente é resolvido no dentista cirurgião.
O teste do pezinho, que deve ser feito entre o 3º e 5º dia de vida do recém-nascido, é realizado nos postos de coleta dos municípios. Atualmente, são 227 postos de coleta distribuídos em 178 municípios. Ainda é realizado nas maternidades onde também fazem o teste da linguinha.
O Banco de Leite Anita Cabral é referência na realização do teste do pezinho, além de ser o responsável pelas capacitações das equipes de saúde de todos os municípios paraibanos que dispõem de profissionais para a realização da triagem neonatal biológica. Ainda realiza o teste da linguinha e oferece consultas pediátricas.
“A ideia é que num só lugar os bebês façam os dois testes e passem pela avaliação pediátrica. Ainda é feito o trabalho de sensibilização das mães sobre a importância de se tornarem doadoras de leite”, disse a diretora geral do Anita Cabral, Thaíse Ribeiro.