Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) publicou o livro fotográfico intitulado “Pedra da Boca: o parque das gigantes”. A obra, publicada pela EDUEPB, é fruto de um programa de extensão “Educação Ambiental na Pedra da Boca”, desenvolvido no Câmpus da Instituição em Araruna, sob a coordenação da professora Alessandra Brandão, financiado pelo Ministério da Educação (MEC) e realizado durante dois anos no Parque Estadual Pedra da Boca. Trata-se de um convite à sociedade para um olhar sobre a importante unidade de conservação paraibana.
A proposta do livro é apresentar as imagens captadas durante a realização dos projetos de educação ambiental, que alcançou mais de 10 mil pessoas, entre fieis da Romaria de Fátima, estudantes da rede pública da região e membros da comunidade local. O livro aborda, em uma linguagem acessível, respeitando ao máximo os dados científicos, a relação da comunidade local com a natureza, a riqueza histórica, social, geológica e biológica do lugar.
Conforme os autores, a expressão “Parque das Gigantes” se remete às “pedras gigantes” que alcançam 180 metros, como é o caso da Pedra da Boca. A imponência das rochas da unidade de conservação tem despertado diversas lendas em seus povos originários, que retratam castelos encantados, pedras gigantes que protegem plantas e animais, além de botijas e espingardas de ouro escondidas entre as pedras gigantes.
O Parque Estadual Pedra da Boca foi instituído como área de preservação no ano 2000, com o intuito de proteger um conjunto rochoso com geoformas únicas, que têm sido associadas, ao longo do tempo, à feições diversas, recebendo nomes como Pedra da Boca, Pedra da Caveira, Pedra do Coelho, Pedra do Letreiro (pelas pinturas rupestres), entre outras. Não à toa, diversas lendas de castelos, princesas, gigantes, espingardas e botijas de ouro tentam explicar, nas vozes dos nativos, tão magnífica beleza natural.
Segundo professora Alessandra, o Parque está localizado em um importante ecossistema e havia alguns pontos sobre o parque que mereciam atenção especial, tais como o desconhecimento das pessoas da região sobre a importância do parque, sendo mais conhecido por visitantes, inclusive, com erros de localização geográfica, sendo por vezes creditado a outro estado; aumento da visitação sem estratégias de discussão sobre o mesmo, com consequências negativas; turismo religioso forte, bonito, no Santuário de Fátima, mas que impacta a área preservada; sítios arqueológicos, com pinturas de grande importância que, além de estarem praticamente sem estudos, estão sujeitos a uma grande deterioração; e ausência de uma publicação capaz de divulgar as riquezas do parque para um público mais amplo.
Segundo a coordenadora, que divide autoria do livro com Rafael Xavier (Geografia), Marcionila Fernandes (Sociologia) e Caio Silva (biólogo e fotógrafo), ao desenvolver um plano de trabalho que considerou tudo isso, o programa de extensão conseguiu bons resultados. O projeto tem entrevistas com o público das romarias, que pode apoiar intervenções específicas. Foram levados mais de 600 estudantes da região para as rodas de conversa e “aventuras no parque”, com trilhas e escaladas nas rochas, em uma metodologia chamada de reflexão-ação-reflexão. Também foi realizado um ensaio fotográfico sobre o parque, inclusive sobre as pinturas rupestres, apresentando uma análise sobre algumas delas.
Além disso, o projeto aproximou membros da comunidade local para falar sobre sua visão sobre o lugar. O resultado final foi o livro fotográfico que aborda e apresenta boa parte desses aspectos para sociedade, em uma linguagem acessível, uma vez que a riqueza do parque, quando descrita, se restringe ao ambiente acadêmico. Portanto, de acordo com professora Alessandra Brandão, a obra é um tipo de publicação muito especializada e que se ocupa de vários outros aspectos.
Os exemplares na versão impressa do livro serão doados a escolas públicas de Araruna e outras regiões do Estado. O e-book está sendo organizado e, em breve, será disponibilizado ao público na plataforma da EDUEPB.