Voluntários começam a receber vacina em teste contra o coronavírus. Se for aprovada, Brasil pode ser um dos primeiros a ter vacinação em massa contra Covid-19.
A primeira dose da vacina contra o coronavírus foi aplicada em uma médica de 27 anos que trabalha no Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Ela é uma entre os 890 profissionais de saúde da capital paulista que se cadastraram como voluntários para os testes da vacina que está sendo desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.
Além do Hospital das Clínicas, outros 11 centros de pesquisa no Distrito Federal, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul também participam do estudo. Ao todo, 9 mil profissionais de saúde vão participar dos testes.
A identidade da médica não foi revelada. O sigilo é uma exigência da pesquisa. Isso porque só metade dos voluntários vai efetivamente tomar a vacina. A outra metade recebe um placebo, uma substância que se parece com a vacina, mas sem o princípio ativo. Segundo o infectologista Esper Kallás, do Hospital das Clínicas, nem mesmo os pesquisadores sabem quem está recebendo a vacina e quem está recebendo só o placebo.
Por isso mesmo ele diz que nenhum dos voluntários pode relaxar na prevenção. O distanciamento social continua sendo uma recomendação, e os profissionais de saúde que estão afastados da família desde o começo da pandemia vão ser orientados a permanecer assim.
A vacina que está sendo testada precisa de duas doses. A voluntária vacinada nessa terça-feira vai receber a segunda dose em 14 dias.
De acordo com o cronograma, até o final da semana que vem todos os outros 11 centros de pesquisa já estarão prontos para vacinar os voluntários. Depois das duas doses da vacina, esses voluntários passam a ser monitorados por 3 meses.
A expectativa do coordenador da pesquisa no Brasil, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, é que até o final do ano vai ser possível saber se a vacina funciona e, se funcionar, o Brasil pode ser o primeiro país a ter acesso à vacinação em massa contra o coronavírus.
Se aprovada a vacina, o Brasil deve receber 120 milhões de doses para vacinar 60 milhões de pessoas. Mas a vacinação só vai poder começar depois que o produto for registrado na Anvisa, e os critérios de vacinação forem definidos pelo Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.
O Instituto Butantan também está em contato com a Organização Panamericana de Saúde (Opas) para discutir a vacinação em outros países da América Latina.