Durante participação no Jornal Integração desta quinta (04), o psiquiatra Fred Marinheiro destacou a importância do tratamento contínuo da esquizofrenia e chamou atenção para as lacunas existentes na assistência pública em saúde mental. A entrevista ocorreu após o caso que ganhou repercussão nacional envolvendo o jovem que entrou na jaula de uma leoa, na Bica, em João Pessoa, reacendendo o debate sobre transtornos mentais graves.
Segundo o especialista, a esquizofrenia é um transtorno crônico que não tem cura, mas possui tratamento eficaz quando realizado de forma permanente. Assim como hipertensão e diabetes, a condição exige medicação contínua ao longo da vida para prevenir surtos e garantir qualidade de vida ao paciente. A interrupção do tratamento, muitas vezes motivada pela falsa percepção de melhora, pode desencadear crises mais graves.
Dr. Fred explicou que os primeiros sinais costumam surgir no fim da adolescência, especialmente entre 15 e 20 anos nos homens, e um pouco mais tarde nas mulheres. Mudanças de comportamento, isolamento social e ideias persecutórias estão entre os principais sintomas que devem servir de alerta para familiares e responsáveis.
O psiquiatra apontou ainda a influência de fatores genéticos e ambientais no desenvolvimento da doença. Ambientes instáveis, uso precoce de drogas, dificuldades financeiras e situações de estresse intenso podem precipitar quadros agudos em pessoas predispostas.
A falta de medicamentos na rede pública foi outro ponto enfatizado. De acordo com o médico, a ausência de remédios essenciais, como fluoxetina, clonazepam e sertralina, pode colocar pacientes em risco, provocando recaídas. Ele reforçou que, quando não houver disponibilidade no sistema público, a família deve buscar alternativas para garantir a continuidade do tratamento.
O especialista também comentou sobre a importância do sono, ressaltando que a qualidade do descanso tem impacto direto na saúde mental. Insônia pode ser consequência de ansiedade, estresse, depressão e sobrecarga cotidiana, exigindo avaliação médica e abordagem individualizada.
Ao final da entrevista, Dr. Fred fez um apelo para que autoridades e sociedade atuem com maior sensibilidade diante dos transtornos mentais. Segundo ele, muitos casos de violência, surtos e até situações no sistema prisional poderiam ser evitados com diagnóstico precoce, tratamento adequado e políticas públicas efetivas.








